Personagens
 

Otto Andersen

Otto Andersen filho de Jens e Rigmor Andersen nasce em Marquês de Valença (RJ), em 12 de dezembro de 1916, mas é  criado em Resende, no mesmo Estado. Em dezembro de 1940, forma-se em Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Estado de Minas Gerais (ESAV), hoje Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Inicia sua vida profissional no Instituto Agronômico de Minas Gerais (1941-1942). De 1942 a 1945, contratado pela Tecelagem Parahyba, de São Jose dos Campos (SP), organiza a Fazenda Parayba, implanta a criação de porcos de raça e desenvolvendo, em grande escala, o reflorestamento com eucalipto. Trabalha durante um ano (1945-46), nas Usinas Junqueira, em Igarapava (SP), onde desenvolve atividades ligadas à silvicultura e à cafeicultura, nas fazendas da empresa.

Em 1º de outubro de 1946 é contratado pela ESAV para atuar como professor auxiliar do Departamento de Horticultura. Por concurso, passa a professor adjunto, em 1952, e a professor titular de Fruticultura, em 1976.

O professor Otto possui os diplomas de “Master  of Science” em Olericultura, obtido em 1955 nos campus de Davis da Universidade da Califórnia; o de Ph.D.  em Fisiologia Vegetal, obtido no mesmo campus em 1957,  e o de livre docente, obtido em 1958, em Viçosa.

As atividades docentes do professor Otto na UFV impressionam. Num levantamento feito em outubro de 1991, quando completara 45 anos de magistério, verifica-se que ele havia lecionado cerca de 1.000 horas de aula para pós-graduados, quase 3.500 horas para graduados e quase 2.500 horas de aula para custos de nível médio técnico. Colabora na formação de dezenas de turmas de engenheiros agrônomos, que hoje labutam nos vários estados brasileiros e mesmo no exterior. Leciona disciplinas de pós-graduação durante mais de 25 anos e orientou 16 estudantes de mestrado.

Como pesquisador, publica mais de 30 trabalhos, alem do livro “As frutas silvestres brasileiras”, escrito em co-autoria com a filha Verônica. Embora de início tenha atuado em diferentes ramos da Agronomia, a Fruticultura acabou conquistando-lhe a preferência. Dedicou-se à pesquisa de vários aspectos técnicos importantes dessa especialidade, tais como: o problema da improdutividade em Fruticultura; controle químico seletivo de ervas daninhas em pomares, viveiros e sementeiras; efeitos de substâncias de crescimento em Fruticultura; métodos e vantagens da propagação vegetativa; fisiologia e manejo pós-colheita de frutas (tendo para isso instalado um laboratório próprio, com casa de beneficiamento de laranjas, câmaras frigoríficas e laboratório de análises); introdução, avaliação e identificação de muitas das espécies frutíferas de maiores possibilidades econômicas no País (ultrapassou a marca de 75 espécies e 400 variedades); e, e estudos da nogueira-pecã, nogueira macadâmia e kiwi.

 Como extensionista, participa, com o oferecimento de aulas, de cerca de 20 Semanas dos Fazendeiros. Também participa de várias reportagens do programa de televisão “Globo Rural”, tratando de fruteiras, principalmente noz-macadâmia, noz-pecã e jabuticaba.

É membro de seis sociedades cientificas brasileiras e duas americanas e, representa a UFV, apresentando diversos trabalhos em congressos dessas sociedades.
Pelos seus méritos, recebe as seguintes distinções: membro eleito da Society of Sigma Xi (1957); diploma de reconhecimento da UFV por 25 anos de profícua atuação na carreira (1965); diploma do Diário de Minas por assinalados serviços à agropecuária (1967); homenagem da Sociedade Mineira de Engenheiros-agrônomos (SMEA) pelos relevantes serviços prestados à investigação técnico-científica em agropecuária (1967); diploma da SMEA, por serviços prestados ao engrandecimento da profissão agronômica (1983); Medalha Bello Lisboa, por 25 anos de devotamento e relevantes serviços prestados à UFV (1985); e homenagem como um dos fundadores da Sociedade de Olericultura do Brasil, por ocasião dos seus 30 anos de fundação (1991).

O professor Otto Andersen será sempre lembrado por fazer parte do pequeno grupo de professores que, com sacrifício e aturando toda sorte de adversidades, com meses de atraso no recebimento dos salários, transformaram a pequena, pobre e isolada ESAV na pujante UFV. Sua memória permanece na pessoa de sua esposa Felícitas Augusta Ulup Andersen, e as filhas Verônica (engenheira florestal), Vivian (médica) e Louise (veterinária) e os netos Marcos e Isabela.


Falece no dia 26 de dezembro de 1997.

 

Clibas Vieira
Revista Ceres, jan./fev. de 1998