José Cândido de Mello Carvalho  
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              Natural  de Conceição Aparecida, Minas Gerais, freqüenta o Seminário Diocesano  de Guaxupé e termina seus estudos básicos em Franca-SP, no Ginásio  Champagnat.  
               Em 1929 concluiu  o Curso Técnico de Agrícola da Escola Superior de Agricultura e  Veterinária - ESAV, onde forma-se em Medicina Veterinária em 1938.  Declarava sempre que aí recebera a influência decisiva de três grandes  mestres: Rui Comes de Morais em Parasitologia, João Moojen de Oliveira  em Zoologia e João Geraldo Kuhlman em Botânica. 
               Reconhecido como um dos maiores atletas da história da Instituição, José Cândido, além de recordista da Federação Universitária de Minas Gerais  em 1937, teve atuação brilhante no Campeonato Brasileiro de Atletismo e no Sul Americano de Atletismo,  destacou-se na prova de decatlo, obtendo para o Brasil o terceiro lugar. Neste mesmo ano o notável esportista fez parte da delegação brasileira nas competições do VII Jogos Universitários Internacionais, em Paris, e trouxe de volta o quinto lugar no pentatlo, disputado com os melhores atletas universitários do mundo. 
               Concluiu o Mestrado em Zoologia, nos Estados Unidos da América, na  Universidade de Nebraska, em 1940, e o Doutorado na Universidade de  Iowa, em 1942. Nesta época inicia seus estudos em Hemiptera,  especializando-se na família Miridae, considerando seu estudo um  verdadeiro desafio.  
               Em 1946,  ingressa no Museu Nacional, iniciando então uma série e excursões de  pesquisa pelo País. Renova e reabre ao público o Museu Paraense “Emilio  Goeldi” (1953/1954) e dirige o Museu Nacional (de 1955 até 1961).  
               Conhecedor da fauna brasileira pela observação de campo, fruto de suas  numerosas excursões, sabia do comportamento e hábitos da maioria dos  mamíferos, aves, répteis e anfíbios, para não citar a entomologia, sua  especialização. Corrige inúmeras crendices e distorções sobre nossos  animais. Realiza 26 grandes expedições, algumas de vários meses;  percorre 18.000 km em canoa, jipe, lombo de burro e a pé.  
               Como entomólogo, grangeou renome internacional, publicando o "Catálogo  de Mirídeos do Mundo", em cinco volumes. Compara e relaciona material  nos museus de Paris, Amsterdã, Estocolmo, Helsinque, Copenhage,  Bruxelas, mais os da Índia, Japão, Havaí, sem esquecer as coleções  brasileiras. Descreve 267 gêneros e 1.319 espécies, sendo, sem dúvida,  a maior autoridade mundial em Miridae.  
                Como pioneiro e líder na  arca de Conservação e Proteção, em 1958 compareceu ao Congresso  Internacional de Londres, onde é eleito Representante para a América  Latina da União Internacional de Conservação da Natureza.  
               Ainda em 1958 , cria a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) da qual foi presidente por dois mandatos.  
               Participa de todas as fases da legislação ambiental, destacando-se a  Lei de Proteção à Fauna; organiza a primeira "Lista das Espécies de  Animais e Vegetais Ameaçadas de Extinção", e a portaria do IBDF que deu  proteção legal aos animais do País, como membro do Conselho Nacional de  Pesquisas, onde atinge a vice-presidência.  
               Foi membro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional  (ISPHAN), do Conselho Federal de Cultura, do qual foi presidente da  Câmara de Ciências.  
               Outra  contribuição marcante de José Cândido foi ao Grande Dicionário da  Língua Portuguesa (conhecido como Aurélio), procurando trazer à  consulta popular o que só se encontrava nos meios científicos.  
              O  ilustre professor, pesquisador e zoólogo foi presidente permanente dos  Congressos Internacionais de Entomologia, membro efetivo e honorário  das mais importantes Sociedades Científicas, professor emérito da  Universidade Federal do Rio de Janeiro, com 19 prêmios e medalhas, em  que se destacam as da World Wild Foundation  e da Zoological Society of London. Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências desde 1951.  
               Publica cerca de seiscentos trabalhos. Recebe o Prêmio Firmino de Melo  Leitão – ABC; Prêmio Costa Lima - ABC; Medalha de Mérito Ex-aluno -  Universidade de Viçosa; Medalha de Ouro da Sociedade Brasileira de  Zoologia; Ordem do Mérito Cientifico, na Classe de Grã-Cruz.  
              Falece aos 80 anos, em 2110.1994.  
              Extraído do texto de Solon Leontsinis 
              Museu Nacional, UFRJ 
              http://zoo.bio.ufpr.br/sbz/honorar.htm 
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