| Frederico Vanetti, natural de Petrópolis, Estado do Rio de  Janeiro, nasceu em    7 de junho de 1910. Era filho dos  imigrantes italianos Carlo Vanetti (engenheiro arquiteto) e Alzira Vanetti.                 Ingressou no Curso Médio da então Escola Superior de Agricultura e Veterinária  (ESAV), em 1929, e graduou-se na quarta turma do Curso Superior de Agricultura,   em dezembro de 1934. Realizou cursos complementares em Apicultura e  Micologia durante  sua graduação.                  Em janeiro de 1935, foi nomeado engenheiro agrônomo no Posto de Defesa  Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura, na cidade do Rio de Janeiro  (Distrito Federal), tendo sido designado para servir na Inspetoria do Porto de  Rio de Janeiro, onde permaneceu até dezembro de 1938. A convite do então  diretor da ESAV,  João Carlos Bello Lisboa, veio a fazer parte do quadro  de docentes do Departamento de Biologia, assumindo o cargo de professor de  Entomologia, em fevereiro de 1939. Em março de 1943, foi liberado para realizar  curso de especialização nos Estados Unidos. Em 1950, passou para o quadro de  professor adjunto do Departamento de Defesa Sanitária. Em 1956, foi admitido na  função de extranumerário do Serviço de Experimentação e Pesquisas da então  Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), para realizar trabalhos  experimentais e de pesquisa. Em 1959, defendeu tese que o aprovou no Concurso  para Provimento da Cadeira de Entomologia da UREMG, tornando-se catedrático em  Entomologia, função que exerceu até sua aposentadoria, em 20.9.64. Em 1960,  defendeu tese de Doutorado em Entomologia.                 Pouco afim a cargos administrativos, sempre recusou convites para assumir  postos essencialmente burocráticos. Entretanto, não negava responsabilidade em  assumir cargos, não remunerados, diretamente ligados à organização do ensino e  do aprendizado. Em 1939, tornou-se chefe da Seção de Apicultura da Escola  Superior de Agricultura (ESA). Foi chefe do Departamento de Defesa Sanitária da  ESA, a partir de 1939. De 1948   a 1951, foi chefe do Departamento de Biologia. Inúmeras  vezes substituiu diretores da ESA durante o impedimento deles. Participou e  presidiu várias e diferentes bancas examinadoras de seleção e, ou, admissão de  docentes e de qualificação para cátedra de áreas diversas como biologia,  fitopatologia, entomologia, melhoramento vegetal, topografia, botânica geral e  sistemática, fisiologia vegetal, física agrícola. Em 1951, com o desmembramento  do Departamento de Biologia, foi nomeado chefe do recém-criado Departamento de  Entomologia. Foi membro do Conselho Departamental da ESA/UREMG e membro da  Congregação da ESA/UREMG. Lecionou cursos na Cadeira de Entomologia da então  recém-criada Escola Nacional de Floresta da UREMG, de 1961 a 1963. Foi, juntamente  com quatro outros colegas, criador do primeiro curso de Pós-Graduação em  Fitotecnia do Brasil, em 1961. Ministrou cursos de Entomologia Econômica aos  agrônomos dos Cursos de Especialização em Olericultura organizados pelo  programa de Ensino, Pesquisa e Extensão do Projeto ETA 55, da Purdue/UREMG, de 1960 a 1962. Aposentou-se em  1964, quando foi contratado pela Fundação Ford para ministrar cursos de  Pós-Graduação na UREMG. Junto com colegas da Universidade, foi sócio fundador  da Associação dos Professores da Universidade de Viçosa (ASPUV).                 Essencialmente estudioso e educador, freqüentemente ministrava aulas de reforço  aos alunos em dificuldades, tanto nas dependências da Escola quanto em sua  própria residência. Tinha sempre uma palavra de estímulo aos estudos e ao  conhecimento para aqueles que haviam decidido interromper os cursos  prematuramente. São comuns  palavras de agradecimento, relatadas a seus  familiares, vindas de pessoas as mais diferentes, pelo estímulo dele recebido  em ocasiões de desânimo.                 Exigia perfeição de seus alunos, funcionários, familiares, assim como dele  próprio. Em momentos de descontração, divertia-se ao ouvir histórias contadas  por colegas, familiares e amigos. Sua necessidade de organização e perfeição é  que talvez o tenha sempre levado a iniciar e executar até o fim tarefas que  exigiam minúcias de detalhes como a organização da primeira coleção de insetos  da ESAV, à qual deu início em 1939. Em 1946, já tinha identificado e catalogado  1.310 insetos capturados em MG e 109 em outros Estados,  muitas vezes com a ajuda de alunos e ex-alunos que coletavam espécimes para a  coleção. Também por iniciativa própria e para facilitar os estudos, iniciou a  sistematização de uma biblioteca e a organização do fichário bibliográfico de  Entomologia, em 1947, tendo fichado 4.000 livros, boletins, revistas e artigos  até 1949. No contexto da época, tanto o processo de catalogação de insetos  quanto o de catalogação de artigos eram lentos, uma vez que o País era carente  em malha rodoviária, a malha aeroviária era incipiente e a existência de máquina  datilográfica elétrica não era nem cogitada, assim como o meio de comunicação  era feito manualmente, por correios e telégrafos.                 Durante a curta estada do professor americano Thomas B. Snipes, iniciou   estudos sobre o combate à então maior praga dos campos brasileiros, a formiga  saúva Atta sexdens. Os  resultados desses estudos realizados pessoalmente e com auxílio de alguns  funcionários de campo, durante vários anos, foram tema de tese. Montou e criou,  em laboratório, para estudo e descrição da biologia do ciclo de vida, colônias  dos insetos Dermatia hominis Linn., um parasita animal, e da formiga Quem-Quem (Agromyrmex sp.), que existe até hoje e que também se  transformaram em temas de tese. Redigiu e ilustrou, pois ele era extremamente  habilidoso em artes, as apostilas de Entomologia Econômica, Entomologia Geral,  Entomologia Agrícola e a primeira apostila de Entomologia Florestal do Brasil.  Todas, até hoje, em processo contínuo de reedição, atualmente com atualizações  e acréscimos por entomologistas da UFV, e em uso pelos alunos de graduação, à  exceção da de Entomologia Agrícola, que, por versar basicamente sobre controle,  caiu em desuso com a descoberta de novos produtos e formas de controle das  pragas. Desenvolveu o primeiro aparelho de controle de sauveiros, para  aplicação de inseticidas em pó, o qual foi patenteado na época.                 Participou, ministrando mais de 52 cursos, de várias Semanas do Fazendeiro,  desde 1939, além de cursos para o Técnico de Agricultura até 1965, quando este  deixou de existir. Proferiu palestras em congressos da Associação de ex-Alunos  e no Clube Ceres, organização de caráter científico da UREMG, presidido pelo  professor José Marcondes Borges, seu ex-aluno. Publicou vários boletins  principalmente visando ao controle de insetos e de estudos de ciclo de vida.                 Faleceu em 12 de maio de 1969, aos 59 anos incompletos, deixando a esposa Inah,  os filhos Myrthis, Marília, Lydia, Carlos Frederico, Carlos Eduardo, Luiz  Fernando, Cláudia, Heloisa, Marco Aurélio, Ângela Maria e Rodrigo Otávio, e o  neto Frederico. Cláudia Alencar Vanetti Janeiro/2008
 |  |